sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Manifesto Contra o Trabalho (Resumo Feliz)


Manifesto Contra o Trabalho (Resumo Feliz)


GRUPO KRISIS. Manifesto contra o trabalho. Tradução de Heinz Dieter Heidemann e Cláudio Duarte. São Paulo, Cadernos do LABUR, 1999. GORZ, André. 


“O modelo para o futuro é o indivíduo como empresário de sua força de trabalho e de sua própria previdência social”, escreve a "comissão para o Futuro dos Estados Livres da Baviera e da saxônia.


Mas após a jornada de doze horas nos campos alemães de repente aparecer sobre uma luz mais agradável ideia maluca de ter, por desespero, um carrinho de cachorro-quente, então a "ajuda para a flexibilização" demonstrou seu efeito neobritânico desejável.


O escândalo não era o trabalho, mas apenas a sua exploração pelo capital. Por isso, o programa de todos os "partidos de trabalhadores” foi sempre "libertar o trabalho” e não "libertar do trabalho".


Nenhuma casta dominante viveu, em toda história, uma vida tão miserável e não livre como os acossados executivos da Microsoft, Daimlerchrysler ou Sony. Qualquer senhorio medieval teria desprezado profundamente essas pessoas. Pois, enquanto ele podia se dedicar ao ócio e gastar sua riqueza em orgias, as elites da sociedade do trabalho não podem se permitir nenhum intervalo. Mesmo fora da Roda-Viva, eles não sabem fazer outra coisa consigo mesmos a não ser infantilizar-se. Ócio, prazer intelectual e sensual lhes são tão estranhos quanto seu material humano. Eles mesmos são servos do deus-trabalho, meras elites funcionais do fim em si mesmo social e irracional.


Democracia é o oposto de liberdade. E assim, os seres humanos de trabalho democráticos dividem-se, necessariamente, em administradores e administrados, empresários e empreendidos, elites funcionais e material humano. Os partidos políticos, em particular os partidos dos trabalhadores, refletem fielmente essa relação na sua própria estrutura. Condutor e conduzido, VIPs e o pavão, militantes e simpatizantes apontam para uma relação que não tem mais nada a ver com um debate aberto e tomadas de decisão.


O fim do trabalho torna-se o fim da política.


Em vez de compreenderem que nós todos nos tornaremos, incessantemente, não rentáveis e que por isso, precisam ser atacados tanto o próprio critério da rentabilidade quanto os fundamentos da sociedade do trabalho, eles preferem satanizar os "especuladores". Esta imagem barata de inimigo é cultivada em uníssono pelos radicais da direita e autônomas da esquerda, funcionários sindicalistas, pequenos burgueses e nostálgicos keynesianos,  teólogos sociais e apresentadores de talk shows, enfim todos os apóstolos do "trabalho honrado". Poucos estão conscientes de que, deste ponto até a remobilização da loucura antissemita, existe apenas um pequeno passado.


*A Escola Keynesiana, também chamado de Teoria Keynesiana ou somente keynesianismo, é uma doutrina político-econômica que opõe-se ao liberalismo. Isso porque ela defende que o Estado tenha um papel forte em uma nação.


Sua auto-satisfação se baseia na sua ignorância e na fraqueza de sua memória. A única justificativa que encontram para seus crimes atuais e futuros é a situação do mundo que se baseia em seus crimes passados. Vocês esquecem e reprimiram quantos massacres estatais foram necessários para impor, com torturas, a “lei natural" da sua mentira nos cérebros dos homens, tanto que seria quase uma felicidade ser "ocupado”, determinado extremamente externamente, e deixado que sugasse a energia de vida para o fim em si mesmo abstrato de seu deus-sistema.


Os inimigos do trabalho não tem nada contra a preguiça. Um dos nossos objetivos principais é a reconstrução da cultura do ócio, que antigamente todas as sociedades conheciam e que foi destruída para impor uma produção infatigável e vazia de sentido. Por isso, os inimigos do trabalho irão paralisar, sem compensação, em primeiro lugar, os inúmeros ramos de produção que apenas servem para manter, sem levar em conta quaisquer danos, o alucinado fim em si mesmo do sistema produtor de mercadorias.


É o caso de redescobrir a lentidão.


Não estamos dizendo que qualquer atividade torna-se, deste modo, prazer. Algumas mais, outras menos . Obviamente há sempre algo necessário a ser feito. Mas a quem isso poderia assustar se a vida não será devorada por isso? E haverá sempre muito que possa ser feito por decisão livre. Pois a atividade, assim como o ócio, é uma necessidade. Nem mesmo o trabalho conseguiu apagar totalmente a necessidade, apenas instrumentalizou e a sugou vampiresticamente.


Liberdade quer dizer que não se deixar embutir pelo mercado, nem se deixar administrar pelo Estado, mas organizar as relações sociais sob direção própria - sem a interferência de aparelhos alienados.


Rio de Janeiro, 08 de agosto de 2021.


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