Mentira (não) tem perna Curta
Mais cedo ou mais tarde você vai se dar conta que seu filho sabe mentir, pode ser quando ele estiver com 7 anos ou só quando chegar 20 anos, não importa, ainda assim será um baque. E não sejamos inocentes ou hipócritas colocando como se só os filhos dos outros mentissem, muito menos que somos exemplos do que se refere a verdade absoluta, mentimos, mentimos para os nossos filhos em relação às nossas crenças e no que temos fé. Mentimos para nossos colegas quando respondemos que “estamos bem” quando não estamos. Mentimos quando temos pressa. Mentimos, mentimos e mentimos.
Mas quando é o outro que mente para nós? E aí? E quando quem mente para nós é alguém que amamos? Salvo os casos de mitomania, ninguém mente sem um motivo, por isso primeiro precisamos entender o porquê da criança estar mentindo, os principais motivos são por imitação e por pressão social (incluindo medo de desapontar).
Na primeira opção a resolução é que precisamos dar melhores exemplos para os nossos filhos. Não adianta querermos que os nossos filhos sejam exemplos para a sociedade quando nós não somos. Neste instante eu imagino que você estará justificando suas próprias mentiras, mas que isso não se aplicaria às crianças. Minha opinião sobre isso: Bullshit! Ou num bom português, isso é balela! Seja a melhor versão de você para que seu filho seja a melhor versão dele.
No segundo caso é um pouco mais complicado, pois aquele que mente não se sente bem por estar mentindo, não há uma referência para isso, mas sim o medo de decepcionar, o medo das consequências de sabermos a verdade. E viver com medo não é bom, não é bom para qualquer ser vivo sencientes, animais acuados tendem a reagir, é o bom e velho mecanismo de luta e fuga, mentir é uma fuga. Assumir a verdade é uma luta, e numa situação perigosa, que nesse caso, para as crianças é nos decepcionar, muitas vezes é menos doloroso fugir, principalmente quando os pais não sabem lidar com a verdade.
“Então quer dizer que você está botando a culpa nos pais? ”
Sim e não, é óbvio que cada pessoa é um indivíduo singular e que toma suas próprias decisões e blá, blá, blá e todo esse papo Sartreano. Mas voltando ao “decepcionar”. Como você reage a decepção do seu filho? Será que você aceita o fato dele não ser perfeito? Hoje em dia, se fala tanto para que as crianças tenham atitudes resilientes, mas será que você pratica a resiliência quando quem erra é o seu filho? Será que você aceita que seu filho irá te decepcionar, pois ele não está aqui para realizar suas expectativas (mesquinhas ou egoístas) e que não é o fim do mundo.
E é mesquinho querer que seu filho se torne o que você não conseguiu ser. É egoísmo querer que ele siga os mesmos trilhos de sua jornada. Eles não estão aqui para isso, e pasmem eles, como todos os outros seres vivos estão aqui para errar e evoluir e aprender com os próprios erros, e é nosso dever proporcionar um ambiente que aceite isso o suficiente para que ele sinta-se à vontade de não mentir para você quando ele não for suficiente.
Então primeiramente comece a ser resiliente para enfrentar certas verdades inconvenientes que seus filhos possam trazer para seu sistema de valores. O problema é seu se você queria que ele tirasse nota 10 em geografia, era você que queria, talvez esse não seja os objetivos primários dele. Aproveitando o gancho, será que você sabe quais são as prioridades do seu filho? Talvez devesse comemora-las quando se alcança em vez de só cobrar as suas.
Voltando a mentira, sei que é algo preocupante e eu diria até arriscado, pois hoje ele pode contar uma mentirinha sobre ter ou não ter trabalho de casa, mas amanhã pode ser sobre algo bem mais grave, então o que devemos praticar é a confiança, quando souber que ele está mentindo não faça rodeios para retirar verdade dele, fale de forma franca e objetiva que você sabe que ele está mentindo. Também é bom enfatizar que não adianta apenas punir da forma mais severa possível, a rede da confiança foi abalada, e ele deve ser tecida de novo. Recapitulando a frase, pegue leve, não vai ser castigando que na próxima vez ele vai pensar duas vezes antes de mentir. Na verdade, uma punição mais severa reforça cada vez mais o comportamento mentiroso. Ele precisa ter a confiança que seus pais vão entender quando ele não for perfeito, e que pode falar qualquer assunto com vocês abertamente.
Esse texto me fez lembrar de uma música do Evandro Mesquita que foi gravada pela Xuxa em seu primeiro álbum. O nome da música é “Garoto Problema” e fala sobre um garoto que é pressionado pela família a se padronizar e ele foge de casa. Como falei um pouco acima, comportamento de Luta e Fuga. Mas quando volta para casa ele não se sente acolhido apenas leva um esporro e nas palavras do próprio cantor,
“Mas por dentro nem liga
Vai fugir de novo, sem deixar recado”.
Tiago André Marques Malta
CRP: 05/38560
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E-mail: tiagomaltapsi@gmail.com
Blog: http://tiago-malta.blogspot.com/
Veio numa hora que buscava algo para ler a respeito.
ResponderExcluirAbraços querido!
Até.
https://gagopoetico.blogspot.com/2022/05/a-mesma-alma.html