segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Não ame seus filhos de Forma Igual

Não ame seus filhos de Forma Igual

            Somos cobrados para exercermos nossa individualidade  em várias fases de nossas vidas. Desde a customização de um uniforme, como se portar em uma entrevista, e afins. E ao mesmo tempo aprendemos a não se comportar da mesma forma em ambientes diferentes, tendo uma atitude no emprego e outra no lazer. E na esfera parental, será que essa regra também se aplica?


Provavelmente este seja o texto que eu mais entre de orelha para escrever, visto que por hora sou pai apenas de uma criança. Mas como irmão do meio posso também dar meus pitacos, pois essa frase sempre me incomodou “Amo meus filhos da mesma forma”. Como amar da mesma forma, indivíduos singulares que pensam e agem de formas diferentes?  E depois de quase 30 anos de existência, finalmente eu comecei a conhecer pais e mães que têm coragem de falar que amam seus filhos de formas diferentes. Não sei se cabe aqui a reflexão de que pais precisam ser francos neste sentido com seus filhos, isso é de cada um, mas essa tomada de consciência é importantíssimo para que não se sintam um monstro, caso prefiram a companhia de um filho ou de outro. Você prefere fulano ou ciclano? Está tudo bem, estamos falando aqui de pessoas interagindo com pessoas, seus filhos não são iguais, e é provável que nem queiram ser pessoas iguais  e  precisam exercitar esta individualidade


Partindo do princípio que seus filhos são pessoas diferentes, eu creio que posso afirmar: Ame-os seus filhos de forma diferente, eles não são uma coisa produzida em série, e o que você acerta com um, não há como prever se acertará com o outro. E isso já fica uma boa dica caso o seu segundo ou terceiro filho esteja chegando, lembre-se que vai ser uma experiência singular, não é só mais uma criança, ele é um ser único no universo, que terá características e expectativas únicas sobre você e sobre o mundo. Então baixe a bola do achismo não dando espaço para a ansiedade, pois se com o primeiro filho foi fácil a experiência, isso não significa que no segundo também será, mas também não fique tão apreensiva caso tenha sido um calvário com o primogênito, pois isso não significa que a experiência se repetirá. E por favor, quando estiver lendo isso, deixe o maniqueísmo de lado, não estou falando de bom e mau, mas sim de saúde, atitudes, dificuldade de dormir, comportamentos alimentares. Tudo pode ser uma experiência única. Por isso posso repetir, não ame seus filhos de forma igual, ame eles de formas diferentes. 


Também discordo dos “causos” de famílias que quando precisam comprar o presente de aniversário de um filho, e se sentem na obrigação de comprar para os outros filhos, com a justificativa de não se sentirem injustiçados (ou por outra justificativa qualquer). O fato é que a vida é muitas vezes injusta e precisamos ser resilientes e isso é uma ótima oportunidade para se exercitar isso com os pequenos (trabalhar com as frustrações), nem todos serão vencedores, tão pouco serão vencedores sempre. E quanto mais cedo entenderem que cada um tem o seu momento, será mais fácil que isso esteja introjetado para o futuro, e que entendam também que nem tudo é injustiça, mas apenas pluralidade. 


O outro motivo (penso eu) é que todo membro da família tem o direito de ser o centro em algum momento daquele núcleo, sem que isso tenha que se tornar uma crise entre os outros atores daquela história, pois não deve ser estimulada uma competição burra, quase um pomar propício ao cultivo dos invejosos. Pois hoje é só um presente de aniversário, mas amanhã pode ser a aprovação do vestibular ou a aquisição de um emprego, e aí? Será que ele vai torcer pelo irmão ou vai achar que está sendo injustiçado, pois foram tratados como a mesma pessoa? Se o meu irmão tem, logo, eu quero também e essa regra não é aplicável, nem num âmbito genético, quiçá em outras esferas.


Aproveitando o gancho do exemplo acima é uma ótima oportunidade também para que aprendam a comemorar os momentos (e as vitórias) de outras pessoas. Saber que não é o centro das atenções (sempre) e que os outros membros também têm sua importância e por isso merecem ser comemorados. Principalmente entre irmãos, que deveriam ser seus grandes amigos para a vida inteira, mas muitas vezes são estimulados a terem um pensamento de disputas ao invés de serem estimulados a se cooperarem, sendo estimulados pelos pais intencionalmente  ou não.


Concluo que tratar seus filhos de forma diferente seja de bom grado, não é tratar pessoas melhores ou piores, mas que o afeto não seja uma repetição inconsciente, mas sim, que ele seja personalizado para cada membro da família respeitando suas particularidades e que isso seja um dos  primeiros passos para que seus filho entenda a singularidade, mas sem perder de vista a importância do cooperativismo.


Tiago André Marques Malta

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