quarta-feira, 4 de maio de 2022

Mentira (não) tem perna Curta


Mentira (não) tem perna Curta

 

Mais cedo ou mais tarde você vai se dar conta que seu filho sabe mentir, pode ser quando ele estiver com 7 anos ou só quando chegar 20 anos, não importa, ainda assim será um baque. E não sejamos inocentes ou hipócritas colocando como se só os filhos dos outros mentissem, muito menos que somos exemplos do que se refere a verdade absoluta, mentimos, mentimos para os nossos filhos em relação às nossas crenças e no que temos fé. Mentimos para nossos colegas quando respondemos que “estamos bem” quando não estamos. Mentimos quando temos pressa. Mentimos, mentimos e mentimos.

 

Mas quando é o outro que mente para nós? E aí? E quando quem mente para nós é alguém que amamos? Salvo os casos de mitomania, ninguém mente sem um motivo, por isso primeiro precisamos entender o porquê da criança estar mentindo, os principais motivos são por imitação e por pressão social (incluindo medo de desapontar).

 

Na primeira opção a resolução é que precisamos dar melhores exemplos para os nossos filhos. Não adianta querermos que os nossos filhos sejam exemplos para a sociedade quando nós não somos. Neste instante eu imagino que você estará justificando suas próprias mentiras, mas que isso não se aplicaria às crianças. Minha opinião sobre isso: Bullshit! Ou num bom português, isso é balela! Seja a melhor versão de você para que seu filho seja a melhor versão dele.

 

No segundo caso é um pouco mais complicado, pois aquele que mente não se sente bem por estar mentindo, não há uma referência para isso, mas sim o medo de decepcionar, o medo das consequências de sabermos a verdade.  E viver com medo não é bom, não é bom para qualquer ser vivo sencientes, animais acuados tendem a reagir, é o bom e velho mecanismo de luta e fuga, mentir é uma fuga. Assumir a verdade é uma luta, e numa situação perigosa, que nesse caso, para as crianças é nos decepcionar, muitas vezes é menos doloroso fugir, principalmente quando os pais não sabem lidar com a verdade.

 

“Então quer dizer que você está botando a culpa nos pais? ”


Sim e não, é óbvio que cada pessoa é um indivíduo singular e que toma suas próprias decisões e blá, blá, blá e todo esse papo Sartreano. Mas voltando ao “decepcionar”. Como você reage a decepção do seu filho? Será que você aceita o fato dele não ser perfeito? Hoje em dia, se fala tanto para que as crianças tenham atitudes resilientes, mas será que você pratica a resiliência quando quem erra é o seu filho? Será que você aceita que seu filho irá te decepcionar, pois ele não está aqui para realizar suas expectativas (mesquinhas ou egoístas) e que não é o fim do mundo.


E é mesquinho querer que seu filho se torne o que você não conseguiu ser. É egoísmo querer que ele siga os mesmos trilhos de sua jornada. Eles não estão aqui para isso, e pasmem eles, como todos os outros seres vivos estão aqui para errar e evoluir e aprender com os próprios erros, e é nosso dever proporcionar um ambiente que aceite isso o suficiente para que ele sinta-se à vontade de não mentir para você quando ele não for suficiente.


Então primeiramente comece a ser resiliente para enfrentar certas verdades inconvenientes que seus filhos possam trazer para seu sistema de valores. O problema é seu se você queria que ele tirasse nota 10 em geografia, era você que queria, talvez esse não seja os objetivos primários dele. Aproveitando o gancho, será que você sabe quais são as prioridades do seu filho? Talvez devesse comemora-las quando se alcança em vez de só cobrar as suas. 

 

Voltando a mentira, sei que é algo preocupante e eu diria até arriscado, pois hoje ele pode contar uma mentirinha sobre ter ou não ter trabalho de casa, mas amanhã pode ser sobre algo bem mais grave, então o que devemos praticar é a confiança, quando souber que ele está mentindo não faça rodeios para retirar verdade dele, fale de forma franca e objetiva que você sabe que ele está mentindo. Também é bom enfatizar que não adianta apenas punir da forma mais severa possível, a rede da confiança foi abalada, e ele deve ser tecida de novo. Recapitulando a frase, pegue leve, não vai ser castigando que na próxima vez ele vai pensar duas vezes antes de mentir. Na verdade, uma punição mais severa reforça cada vez mais o comportamento mentiroso. Ele precisa ter a confiança que seus pais vão entender quando ele não for perfeito, e que pode falar qualquer assunto com vocês abertamente.

 

Esse texto me fez lembrar de uma música do Evandro Mesquita que foi gravada pela Xuxa em seu primeiro álbum. O nome da música é “Garoto Problema” e fala sobre um garoto que é pressionado pela família a se padronizar e ele foge de casa. Como falei um pouco acima, comportamento de Luta e Fuga. Mas quando volta para casa ele não se sente acolhido apenas leva um esporro e nas palavras do próprio cantor,


Mas por dentro nem liga

Vai fugir de novo, sem deixar recado”.

 

Tiago André Marques Malta

CRP: 05/38560

Whatsapp: (21) 99420-5918

E-mail: tiagomaltapsi@gmail.com

Blog: http://tiago-malta.blogspot.com/


Um comentário:

  1. Veio numa hora que buscava algo para ler a respeito.
    Abraços querido!
    Até.
    https://gagopoetico.blogspot.com/2022/05/a-mesma-alma.html

    ResponderExcluir