quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Experiencie, não deixe outros cuidarem do seu filho por você

Experiencie, não deixe outros cuidarem do seu filho por você

Tudo que está ocorrendo com o  seu filho neste exato momento será muito importante para o seu desenvolvimento futuro. Aquele jogo de celular, seus desenhos favoritos com seus personagens favoritos, suas brincadeiras, gostos e afins. Lembre -se de que tudo é impermanente, pois seus desejos e manias podem mudar de forma cíclica ou aleatória, mesmo assim eles criam marcas, pegadas e cicatrizes na história daquela pequena pessoinha em formação . A verdade é que grande parte do que ele está vivenciando hoje, está sendo internalizado. E quando ele internalizar cada pequena coisinha que está vivenciando no aqui agora, onde vai estar inserido sua participação?


Imagina que o seu filho quer te mostrar de qualquer jeito alguma grande descoberta que ele fez, e que para você não tem a menor relevância. E ele insiste, e insiste, e insiste mais uma vez, até o ponto de você se alterar e mostrar como você está “ocupado”. Eu aposto que o que ele queria te mostrar não ia demorar alguns minutos. E sua grande ocupação era pagar mais uma vez a conta de luz (que não está atrasada), que você poderia pagar logo em seguida, ou refogar o arroz que você está careca de fazer, ou explicar pela quinta vez para aquele possível cliente de como funciona o serviço, e o pior, ele não vai fechar com você. E o que pode ficar internalizado para a criança é que “qualquer rotina é mais importante que eu”. Acontece que afetos assim como contas podem vencer, pessoas precisam de tanto tempero tanto quanto o arroz e seu filho precisa de tanta atenção como o seu cliente.


Agora vamos voltar ao exemplo anterior quando o seu filho pede sua atenção. Só para variar, que tal em vez de ignorá-lo pela quinta vez, você responde de primeira “filho o papai  está ocupado, espera só um minuto, que eu já vou ver com você” ou diga assim “ajuda o papai terminar que eu vou lá com você” ou simplesmente levante a bunda do sofá e vá com ele ver o que deseja. Pode ser que realmente o que você está realizando precisa de uma atenção maior e é necessário se concentrar, mas se esse for o caso, eu sugiro que avise antes de começar a tarefa (eles entendem mais quando são comunicados do que você pode imaginar); outro ponta é que é mais fácil você perceber e alcançar as necessidades dos seus filhos,  do que ele as suas. O pior é que muitas vezes você está mentindo para você mesmo, e só está rastreando algo para assistir ou rolando a telinha do celular. Não seja egoísta cara, levante-se e vá ver o que ele precisa.


Essa última questão deveria ter um livro dedicado exclusivamente a ele, mas só pra te dar um pouco de choque de realidade, zapear a televisão ou ficar descendo a timeline da rede social não te fará mais feliz. Isso é só um anestésico de toda a ausência que você experiência do mundo real. Só que não tem aparelho conhecido com processador suficiente para suprir essa falta. E não estou aqui para dar um discurso anti-tecnologia, adoro ver filmes na Netflix e conversar com meus amigos virtuais. A tecnologia deveria servir pra isso para aproximar as pessoas, mas muitas vezes estamos deixando a tela rolar apenas para matar o tempo. E se você trata  o tempo como quem deve ser assassinado, eu acho que na verdade o agora está te fazendo mal, então sugiro negociar com ele para que se tornem parceiros. Não deixem que a tecnologia se transforme em ópio e sim que seja como trilhos, e que nos caminhos que ela te levar, espero que esteja junto com a sua família.


Participe das experiências cotidianas do seu filho, por mais que você ache chato aquela nova saga do pokémon, a questão não deve ser essa. Mas sim o que o seu filho acha (e você pode dar sua opinião, sem desmerecer a dele). Será que você pode frear um pouquinho para ouvi-lo para falar de suas novidades? Quanto ele merece de sua atenção? Essas sim são as questões cernes para você entender e repensar que em cada experiência que seu filho quiser a sua presença, esteja presente, e entenda que até isso será impermanente pois chegará um momento que ele não irá mais partilhar assim com você tão facilmente. Só lembrando que não precisa partilhar com ninguém suas respostas, basta que seja para você mesmo para depois podermos voltar à primeira questão sugerida: E quando ele internalizar cada pequena coisinha que está vivenciando no aqui agora, onde você estará inserido?


Tiago André Marques Malta

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Fonte da imagem:  VitalikRadko

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