Aceite, seu filho irá te decepcionar e não é o fim do mundo.

Aceite, seu filho irá te decepcionar e não é o fim do mundo.

Já conversamos como erramos, como isso dói para os nossos filhos, mas que ainda assim temos esse direito. Agora vou me dar o direito de ser redundante pois nossos filhos também irão errar, vai doer, mas ainda sim, é direito deles cometerem esses deslizes. Já falei um pouco da importância de pisar na bola para aprendermos com nossos próprios erros, agora vamos parolar mais um pouco sobre este tema.

Mas e essa tal decepção? Decepcionar tem mais haver com nossas projeções, e o que esperamos para um futuro, do que a realidade que muitas vezes não enxergamos. Queremos que algo aconteça de uma forma específica, e mesmo que tenham fatores que não controlamos, como o livre arbítrio de nossos filhos, achamos que eles nos decepcionaram. Mas isso é uma atitude muitas vezes egoístas. No fundo não nos decepcionamos com nossos filhos, mas sim com as nossa próprias expectativas.

Dando um exemplo simples: pais que querem ser avós e cobram isso de seus filhos, mas quando os mesmos não querem ter filhos pode ser gerado um conflito. Ou quando se quer que um filho siga uma carreira que ele não quer seguir. Ou quando o filho repete de ano ou se envolve em uma briga. Por isso eu posso afirmar que a decepção está na expectativa. Você quer um neto, não seu filho! Você quer ter um filho médico, mas ele apenas não quer. Você nunca repetiu de ano? Ótimo, mas ele não é você.

Poderia pensar em exemplos mais polêmicos ou que envolvam crimes, ainda assim eu espero que você continue o amando. E deixe essa palavra “decepção” um pouco de lado. Afinal, a dívida dele será com o Estado e não com você. E nessa hora mais do que nunca ele vai precisar do seu amor. Tem um ditado (acho que é Budista) que sempre carrego comigo: Não Me Ame Quando mereço, mas sim quando eu preciso.

Acho que para finalizar essa parte gostaria de citar Gibran em seu livro o Profeta, quando pedem para o mestre falar a respeito dos filhos:

Vossos filhos não são vossos filhos.

São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.

Vêm através de vós, mas não de vós.

E embora vivam convosco, não vos pertencem.

Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,

Porque eles têm seus próprios pensamentos.

Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;

Pois suas almas moram na mansão do amanhã,

Lembrando que essa ânsia nem sempre é saciada, pois não cabe a eles realizar nossos sonhos, mas sim os deles mesmos.

Rio de Janeiro, 20 de Janeiro de 2020.