terça-feira, 13 de abril de 2021

Lacan (A Origem do Estruturalismo na Psicologia)


Lacan (A Origem do Estruturalismo na Psicologia)

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O revolucionário Jacques Lacan é um dos principais nomes da psicanálise, ele esteve envolvido na efervescência cultural francesa entre os anos 50 e 60.

O seu pensamento psicanalítico é voltado para um resgate aos postulados de Freud, porém, com uma certa dose de “subversão”, calcados nos estudos de Saussure e Strauss ele reestruturou as etiquetas bem-comportadas da psicanálise de raiz. Dos seus Seminários, ensaios e palestras, nasceu o lacanismo, onde está fundamentada a sua visão científica e filosófica da psicanálise, do estudo da vida, do universo e tudo mais.

“A estrutura do inconsciente é similar a uma linguagem”.

Enquanto a psicanálise ”tradicional” buscava fundamentações na Biologia, Lacan buscou na linguística de Ferdinand de Saussure fontes para reconfigurar a teoria de Freud e assim utilizando uma leitura estruturalista para abordar o inconsciente.

Assim disse Lacan que "O inconsciente é estruturado como uma linguagem" e esta é sua pedra fundamental para apresentar sua Psicanálise com um arcabouço estruturalista. Ele ainda afirma que o inconsciente está no significante e por isso se tornou seu objeto científico de estudo. “É preciso afirmar que é a incidência concreta do significante na submissão da necessidade à demanda que, recalcando o desejo na posição de desconhecido, dá ao inconsciente sua ordem. ” (Lacan) ”

Ele utilizou da dicotomia saussuriana entre o Significante e Significado em sua visão psicanalista: “O significado não tem relação com o que se ouve – o que se ouve é o significante – e sim com o que se lê. Neste sentido, a escuta do psicanalista não visa compreender o que o analisante diz, pois, o escrito subjacente à fala não é para ser compreendido, mas para ser lido”. (Mônica Assunção Costa Lima)

Lacan da prioridade a fala como recurso terapêutico, pois é através dela que a história do sujeito emerge. A psicanálise se fundamento como prática a partir da fala do sujeito, pois este sujeito “é” enquanto estrutura semântica.

Porém Lacan ao mesmo tempo que “bebe” do estruturalismo para desenvolver a sua psicanalise. Ele também se distancia da mesma, pois enquanto o estruturalismo busca uma totalidade e, por conseguinte uma coerência lógica. Na prática Lacaniana essa totalidade não será almejada, pois há aceitação que nem tudo será explicado, afinal estamos trabalhando com o inconsciente. E o discurso do inconsciente, assim como o desejo do sujeito vem do outro, pois é através das identificações que o sujeito se constitui, não falamos e sim somos falados, pois a linguagem preexiste ao sujeito. Lembrando que as identificações do sujeito ocorrem somente através dos significantes. Em primeiro lugar o sujeito aparece através do significante primordial, quem introduz ao sujeito a lei que ordena o seu mundo; em seguida o significante unário que a partir do momento que ele representa o sujeito para um outro significante e articula para a identificação primária narcísica.

Um ponto importante de divergência entre o estruturalismo padrão e a psicanálise está no sujeito. Pois enquanto na primeira ela percebem que a estrutura exclui o sujeito. Na segunda consideram que os significantes se organizam independente.

“Não é por acaso que Lacan nunca foi um estruturalista como os outros e que ao longo de 30 anos o que ele fez foi abordar sob diferentes ângulos o desfasamento entre “freudiano” e “estrutural” para apreender a coisa freudiana (...) Se, durante a primeira década, Lacan tende a minimizar o desfasamento entre “freudiano” e “estrutural”, esse desfasamento vai aparecer mais vincadamente no seu discurso a partir da viragem ética, quando Lacan toma as suas distâncias com a matriz kantiana do estruturalismo standard” (Cristina Álvares)

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